Vila São José População: 9000

A ocupação da Vila São José, na região noroeste de Belo Horizonte, começou na década de 60. Os primeiros moradores vieram de regiões próximas como o bairro Glória e outros vieram do interior do estado. O terreno vazio começou a ser ocupado, principalmente, por famílias que não conseguiam pagar aluguel nos locais onde moravam. Segundo moradores antigos, o terreno da vila pertencia à família Melo que também era proprietária de vários imóveis no bairro Alípio de Melo, que herdou o nome do patriarca.

Hoje, a Vila São José é dividida em vila de cima, do meio e de baixo. A história se deu de forma diferenciada entre as partes. Enquanto a parte de cima foi inicialmente povoada por pessoas mais pobres, com uma maioria de casas construídas de papelão, a parte de baixo, desde o inicio tinha casas de madeira e alvenaria. É famosa na vila a história do Zé do Caixote, que vendia caixas de pau para a construção de barracos. Atualmente, nenhum dos moradores sabe dele.

Segundo dona Terezinha de Andrade, de 64 anos, que reside a 36 anos na vila São José, os primeiros moradores eram, em sua maioria, pedreiros e empregadas domésticas, mesmo perfil dos atuais moradores, de acordo com ela. De acordo com levantamentos da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), 67,3% do total de residentes possui renda inferior a um salário mínimo e apenas 2% ganha acima de três salários mínimos. Até o ano de 2009, a vila não possuía saneamento básico. Moradores antigos contam que quando se mudaram para a vila, o córrego que corta a comunidade era um riozinho, com águas limpas e areia em volta. Com o aumento populacional, aumentou também o lixo e o córrego foi ficando cada vez mais sujo provocando enchentes no período de chuva, com o córrego subindo até três vezes acima do nível normal provocando desabamentos e deixando pessoas desabrigadas.

A criação de animais, segundo os entrevistados, também é um problema para a comunidade e contribui para a poluição do córrego. Muitos moradores entrevistados reclamaram dos animais que vivem soltos pela vila, entre eles os mais comuns são galinhas, patos, porcos e cavalos.

Processo de remoção

Em 2009, quando a pesquisa Banco da Memória foi realizada na Vila São José, mais da metade da comunidade já havia sido removida para realização de obras do Programa Vila Viva. Parte da população optou por morar nos prédios recém-construídos e outros estão sendo indenizados. A grande maioria preferiu ir para os prédios, pois reclamam que a indenização é muito baixa, permitindo apenas a compra de imóveis em locais mais distantes. Segundo a prefeitura, além melhorar as condições de moradia da população, é objetivo do Vila Viva na Vila São José o prolongamento das vias Pedro II e Tancredo Neves, facilitando o fluxo de automóveis na regional noroeste.

Residencial São José

Há seis anos, foi construído o Residencial São José, como parte de um projeto de remoção de moradores em áreas de risco na própria vila. Para Rita de Cássia, líder comunitária no Residencial, a construção do residencial foi muito boa, pois contribuiu também para a mudança de postura dos moradores. “Pra mim é uma total mudança. Pra quem tinha um cômodo só, agora tem um apartamento. É uma outra vida. Agora a gente tem regras”. O único trabalho social realizado na comunidade é realizado pela Associação do Residencial que realiza todos os sábados atividades esportivas em uma das escolas da região. Todos os monitores participantes são moradores do residencial e trabalham, gratuitamente, dando oficinas de futebol, vôlei, basquete e capoeira. A falta de instituições que amparem esses moradores no desenvolvimento de atividades culturais, esportivas e também de geração de renda é uma reclamação dos entrevistados.

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