Desde 2004, data de sua fundação, o Favela é Isso Aí vem trabalhando no registro e divulgação da produção artística das favelas de Belo Horizonte, por entender o papel primordial da arte e da cultura na transformação social e na inclusão cultural. O primeiro grande trabalho foi o lançamento do Guia Cultural das Vilas e Favelas de Belo Horizonte, iniciativa pioneira e única no país, que serviu como fonte de referência e consulta para diversos trabalhos e instituições, públicas e privadas.
Entre as suas diversas ações, a ONG vem contribuindo para a discussão, fortalecimento, apoio e divulgação das manifestações artísticas das comunidades, especialmente as periféricas e de baixa renda. Desde 2006 a entidade vem realizando o projeto Banco da Memória, focado na pesquisa e registro das expressões culturais populares e patrimônio imaterial das favelas de Belo Horizonte, além de comunidades das cidades mineiras de médio porte. Em 2011, tornou-se ponto de cultura, reorganizando e disponibilizando seu acervo online para consulta pública.
Além das pesquisas e levantamento de dados, que têm constituído um amplo acervo sobre as comunidades e sua cultura, a ONG trabalha na divulgação dos resultados e das artes produzidas nas periferias, através de Programa de Rádio, gravação de CDs, site, jornal e de um Núcleo de audiovisual, que realiza documentários e videoclipes para os artistas, além das mostras e festivais que promove desde 2008.
Reconhecida pelo Governo Federal em 2010 e contemplada com o 1º lugar no Prêmio Cultura Viva, categoria Organização da Sociedade Civil, o Favela é Isso Aí entende que as atividades desenvolvidas são instrumentos fundamentais para fortalecer o movimento cultural nas periferias das cidades e do Brasil.
Para além dos territórios de vilas e favelas
Desde 2016, ano da 3ª Edição da Mostra da Diversidade Cultural, o projeto vem ampliando sua abrangência e proposta de programação do projeto. Em 2016, foi realizado em 19 espaços parceiros localizados em oito cidades brasileiras e em duas cidades de Portugal. Entre as ações promovidas destacam-se: a 4ª Edição do Festival Audiovisual Imagens da Cultura Popular Urbana, shows musicais, exposição de fotos sobre as comunidades, seminários, debates e lançamento de mais quatro volumes da coleção Prosa e Poesia no Morro.
Sem perder o objetivo de apoiar e divulgar a produção cultural das comunidades das periferias, as ações foram atendendo a outras localidades, através de projetos formativos em várias cidades de Minas Gerais, da Bahia e do Espírito Santo, a partir da demanda de parceiros locais.
A expansão das ações de divulgação do patrimônio imaterial e da diversidade cultural das localidades onde o projeto atua significa ampliar e democratizar o acesso das comunidades e seus artistas ao mercado cultural, colocar em diálogo os diversos movimentos ocorrentes nas localidades e gerar maior visibilidade sobre a produção artística das cidades atendidas, em integração com outras produções de todo o país.
A integração de outras cidades ao projeto sempre é feita a partir de um olhar aprofundado para a realidade local, que proporciona a construção de um diálogo com a cena cultural, produtores, artistas e gestores de cada território. Para tanto, a equipe do projeto trabalha na realização de pesquisas e diagnósticos culturais, mapeamentos e levantamento de dados, bem como registros audiovisuais sobre o patrimônio cultural, a identidade e a diversidade presente na região.
As edições de 2019 a 2021 contemplaram as seguintes localidades:
- Feira de Santana – BA;
- Região Centro Oeste de Minas Gerais, com ações nas cidades de Abaeté, Bom Despacho, Dores do Indaiá, Martinho Campos e Quartel Geral;
- Região do Vale do Jequitinhonha, nas cidades de Carbonita e Senador Modestino Gonçalves; e
- Região Metropolitana de Belo Horizonte, nas cidades de Belo Horizonte, Contagem, Vespasiano/MG e entorno.
Na edição 2022, a Mostra foi realizada em nove cidades mineiras – com a primeira participação de Juiz de Fora e João Monlevade, além de Feira de Santana, na Bahia e premiou mais de 120 iniciativas.
A edição 2023 contemplou as seguintes localidades:
- Belo Horizonte, com a Mostra Intercâmbio;
- Carbonita e Senador Modestino Gonçalves, no Vale do Jequitinhonha;
- Abaeté, Bom Despacho, Dores do Indaiá, Martinho Campos e Quartel Geral, na Região Centro Oeste de Minas Gerais;
- João Monlevade e Itaúna, Região Central;
- Juiz de Fora, Região da Zona da Mata;
- Feira de Santana – BA.
Ações e objetivos
O projeto consiste na realização de ações continuadas para valorização, difusão e reforço da memória cultural das localidades atendidas, mostrando sua importância, sua diversidade, riqueza e sua potência.
Para tal são realizadas, em cada cidade atendida, ações de pesquisa, documentação e registro; divulgação da produção artística e patrimônio imaterial local: lançamento de edital de seleção e premiação de atividades culturais realizadas pelos artistas locais e uma mostra das artes e patrimônio imaterial.
A edição 2023 incorporou também processos formativos, cursos e oficinas voltadas para gestores culturais – públicos e privados; artistas e produtores culturais; educadores formais e informais; e mestres, detentores e fazedores da cultura popular.
Em cada território trabalhado são realizadas as seguintes ações:
Pesquisa e levantamento de dados, entrevistas e registro fotográfico para (re)conhecimento e difusão do patrimônio imaterial de cada localidade, com posterior lançamento dos resultados obtidos em pdf ou em formato de livro impresso;
Lançamento de edital para seleção de iniciativas desenvolvidas por agentes culturais privados atuantes nas localidades, individuais ou coletivos, que tenham como proposta a manutenção da memória cultural, a formação de plateias e/ou o desenvolvimento local através das ações culturais ou socioculturais;
Realização de encontros formativos, acompanhamento do planejamento e da execução dos projetos selecionados, com orientação dos participantes e capacitações;
Realização de Mostra sobre a identidade cultural e patrimônio imaterial das localidades atendidas, a partir dos projetos selecionados no edital e convite a outros grupos identificados nas pesquisas, com apresentações artísticas, exposições fotográficas e outras atividades culturais propostas pelos selecionados.
Parceiros e apoiadores
Um dos projetos do Favela é Isso Aí, a Mostra da Diversidade Cultural: Imagens da Cultura Popular é viabilizada através da Lei Federal de Incentivo à Cultura e Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, com o patrocínio da ArcelorMittal e da Belgo Bekaert Arames. Conta com o apoio das Prefeituras dos municípios participantes e realização do Governo de Minas Gerais, do Ministério da Cultura e Governo Federal.