Crise financeira mundial afeta o terceiro setor

Organizações Não Governamentais alegam que a crise financeira mundial já afeta o terceiro setor. De acordo com representantes de algumas entidades, financiamentos previstos podem ser cortados em função da crise.

O temor é grande entre as instituições do terceiro setor. Financiadores importantes, que já estão demitindo funcionários, anunciaram possibilidade de cortes nos investimentos sociais. Principalmente a indústria aguarda para janeiro a resposta do governo em relação ao pedido de socorro feito por vários setores.

Apesar da ameaça constante dos reflexos da crise, representantes das indústrias e os próprios captadores de recursos dizem que os impactos podem chegar, mas que não há motivo para pânico.

Marcus Regueira, membro do conselho do Instituto Hartmann Regueira, acredita que, neste momento, estão sendo revistos todos os patrocínios e investimentos sociais do mercado, já que a crise está se mostrando longa e perigosa. Para ele as empresas estão preservando os caixas e todos os investimentos, até mesmo os patrocínios, estão sendo cuidadosamente avaliados.

Para Regueira todas as opções e decisões são mais seletivas neste momento. “Elas vão optar pelas entidades do terceiro setor que já se mostram parceiras das empresas há mais tempo” analisa.

Cortar ações de responsabilidade social pode ser tiro no pé

Empresas especializadas em captação de recursos afirmam que os financiadores já têm utilizado a crise como justificativa para adiar ou não realizar financiamentos. De acordo com Daniela Gerhard, sócio-fundadora da Valor Social – Consultoria Socioambiental e Cultural, o momento econômico também tem sido usado como desculpa por alguns financiadores.

“A crise, a meu ver, tem sido usada como desculpa para algumas ações que precisavam ser tomadas e estavam sem desculpa ou motivo. Eu, como consultora de Responsabilidade Social Empresarial e como captadora de recursos para entidades do Terceiro Setor, tenho tido algumas desistências em função da crise, mas, tenho certeza, que será passageiro, pois, o investimento neste sentido, será a chance de várias empresas, pequenas, médias ou grandes se destacarem como transformadoras da realidade social e, em conseqüência, terem outra credibilidade diante dos colaboradores”, afirma.

Impactos serão mensurados apenas no próximo ano

De acordo com Marisa Seoane Resende, coordenadora do Núcleo de Responsabilidade Social do Sistema FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, no momento atual, não é possível afirmar que há impacto. “Nós ainda não temos dados consististes para assegurar que haja um impacto da relação das empresas com investimentos na comunidade”, diz Seoane.

Os reflexos já eram esperados para este mês, mas não foram confirmados. “Para o Dia V (comemorado no dia 07/12), nós até imaginávamos que as empresas estivessem sentindo e que a mobilização não desse tão certo, mas não teve impacto negativo. O Dia V deste ano foi mais ou menos igual ao ano passado”, avalia a coordenadora do Núcleo de Responsabilidade Social da FIEMG.

Os meses de janeiro e fevereiro serão decisivos e reveladores no que diz respeito aos investimentos na área social. “Em 2009, assim que passar esse período de férias, a indústria pára um pouco, para procedimentos como revisão de máquinas. Só vamos sentir a situação real depois desse período, a partir de fevereiro”, completa Seoane.

Expectativas otimistas

Apesar da crise, as expectativas são otimistas. “O conceito de Responsabilidade Social Empresarial está, a cada dia, mais próximo do Investimento Social Privado, saindo somente dos investimentos em leis de incentivo à cultura e Fia – Fundo da Infância e Adolescência e sendo incorporado na Gestão Estratégica das empresas. Acredito que esta transformação e a crise sejam uma grande oportunidade para as empresas. As entidades ou ONGs também estão se profissionalizando para atender as demandas do mercado. Por isso, penso que é uma perspectiva positiva nas duas vertentes: mercado empresarial e mercado social” avalia Gerhard.

Boa Gestão e eficiência ganham mais peso na hora da escolha

Para Regueira o importante é que as entidades do terceiro setor “renasçam melhores da crise”. “As instituições devem compreender que o risco é permanente e que apenas as ONG’s e associações bem estruturadas serão aquelas patrocinadas pelas empresas, que vão tentar aliar as estratégias, buscando investir em entidades que tenham a ver com o local em que estão instaladas ou com o setor especifico que se trabalha” analisa. “É importante que as ONG’s se posicionem para serem eficientes na execução de seus projetos e estejam preparadas do ponto de vista da gestão”, aconselha Regueira.

Fontes

1. Daniela Gerhard – Sócia-fundadora da Valor Social – Consultora Socioambiental e Cultural
Contato: (31) 3309.7041/ (31)8797-1013

2. Marisa Seoane Resende – coordenadora do Núcleo de Responsabilidade Social do Sistema FIEMG – a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
Contato: (31) 3263-4446 – assessoria de comunicação

3. Marcus Regueira – diretor administrativo-financeiro e membro do conselho do Instituto Hartmann Regueira.
Contato: (31) 3228-1750 – assessoria de comunicação